Sempre que me perguntam porque Deus deixa acontecer coisas ruins com pessoas "inocentes"; costumo responder esta questão usando uma frase de Baruch Spinoza: “As coisas nos parecem absurdas ou más porque delas só temos um conhecimento parcial e estamos na completa ignorância da ordem e da coerência da natureza como um todo. ”

domingo, 2 de julho de 2017

Respeitando as Diferenças

"Não perca tempo perguntando-se se você 'ama' o próximo ou não; aja como se amasse. Assim que colocamos isto em pratica, descobrimos um dos maiores segredos: Quando você se comporta como se tivesse amor por alguém, logo você começa a gostar desta pessoa.. "  C. S. Lewis

Quando falamos em manifestar um sentimento sem de fato senti-lo, a principio  pode parecer falsidade, em muitos casos isto poderia ser verdade, mas existem situações onde só conseguimos alcançar com a pratica, é exactamente neste contexto que esta frase foi escrita.

Não podemos generalizar, mas é comum encontrar pessoas que se afastam de outras por diferentes razões: "não simpatizar", opiniões contrarias as nossas, costumes, escolhas,  ideologias e crenças. 
Assim fazemos, as vezes sem perceber e isto acontece em diversas áreas de nossas vidas, nas amizades de infância, escola, universidade, trabalho e até mesmo nas igrejas.
Não quero colocar isto como algo totalmente errado, mas geralmente o erro acontece quando fazemos esta "selecção" simplesmente por suposições.
Sempre procuramos alcançar aquelas pessoas que simpatizamos mais, que aparentemente pensam como nós ou dizem pensar, as vezes projetamos nelas aquilo que gostaríamos que de fato fossem e quando isto acontece existe uma grande chance de decepção mais a frente.

Uma questão em especial da qual gostaria de desenvolve-la, algo que sempre me deixou pensativo e sem um resposta adequada; porque nos afastamos tanto de pessoas que manifestam opiniões diferentes com respeito a fé? 
Não me refiro a pensamentos extremistas, ou a outras das quais usam das "vantagens" pessoais que isso pode trazer, mas sim a muitas pessoas que buscam preencher um vazio através de suas crenças. 

Tenho uma teoria, embora não se trata de uma descoberta cientifica ou resultados de pesquisas, apenas uma impressão baseada na vida. Acredito que esta selectividade acontece na tentativa de se "evitar conflitos", como se pudéssemos viver e aprender sem eles.
Gosto muito da frase de Josh McDowell: "O que encontrei no relacionamento com Jesus não foi a ausência de conflitos, mas a capacidade de lidar com eles."

Falar sobre doutrinas é bastante complicado, mas podem existir questões básicas que todos concordamos, mesmo assim, em nome da nossa "crença", desprezamos isto quebrando o que poderia ser uma ponte para o um bem comum.

Um dos leitores deste blogger, da qual gosto muito de ouvir suas opiniões sobre o que escrevo, sempre me incentivando a continuar e até usando alguns dos meus textos em suas palestras, ela acredita e segue a doutrina espirita. 
Quando conversamos não nos preocupamos em nos "doutrinar" dentro de nossas convicções, simplesmente concordamos com os pontos dos quais temos em comum e exaltamos isto.
Somos da mesma opinião em muitas questões dentro dos Evangelhos de Jesus e nelas procuramos dialogar e nos entender, mas entre um evangélico e uma pessoa da doutrina espirita certamente há divergências em algumas das nossas convicções, é exactamente nestes momentos onde praticamos o respeito.

Ter opiniões diferentes sobre determinados assuntos não é, necessariamente, um problema, isto acontece dentro de uma mesma doutrina, pessoas que praticam a mesma fé. Sempre gosto de lembrar a missão dos apóstolos, é fantástico como tinham suas metas em mente e não se preocupavam com coisas menores, embora tinham seus momentos de fraqueza como todos nós seres humanos temos.
Quando Paulo foi questionado que algumas das pessoas gostaram de ouvir mais a Apolo do que a ele, vejamos sua resposta: "..Pois quem é Paulo, e quem é Apolo, senão ministros pelos quais crestes, e conforme o que o Senhor deu a cada um?
Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento. Por isto, nem quem planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus que dá o crescimento..." 1Cor. 3:5,6,7.

Como podemos perceber estas "divergências" ou preferenciais,  aconteciam entre as pessoas que ouviam as pregações de Paulo e Apolo, dois discípulos dos quais criam no mesmo Evangelho, como se comungassem na mesma "igreja" fazendo as obras de Deus.

Quanto duas pessoas praticam doutrinas diferente, compreendo  que isto fica mais evidenciado, afinal a fonte de "Inspiração" não é a mesma, mas nunca podemos esquecer que nós somos matéria de uma mesma criação, precisamos suportar as nossas diferenças praticando a tolerância.


Quando nos dispomos a manifestar publicamente aquilo em que acreditamos, temos  que ter convicções, mas além disto e o mais importante é se despir de toda vaidade intelectual, de toda arrogância e entender que nada sabemos a não ser que precisamos fazer a obra de Deus com Ele no comando de tudo. 

Paulo disse que somos semeadores, mas não devemos nos iludir, fazemos isto através da fé. Não entendemos de agricultura, não compreendemos na totalidade da própria semente que estamos lançando ao solo, muito menos o potencial que a terra tem em fazer brotar o que foi lançado. 
Estas preocupações não deve ser nossas, não precisamos entender como aquela semente nasceu em solo rochoso, ou porque não brotou em um terreno aparentemente saudável, esta parte é de Deus através do Espírito Santo.

Quando temos um relacionamento positivo com pessoas que pensam de forma diferente da nossa, pregam doutrinas da quais não temos uma boa receptividade, precisamos buscar em cada uma delas um ponto em comum e acreditem, existe.
Não quero com isto passar a ideia de pluralismo, tenho minha fé enraizada em Deus, Seu Filho Jesus, que morreu por nós na cruz e no Espírito Santo. Creio na Bíblia em sua totalidade como regra de fé e pratica, com todas as minhas limitações típicas de qualquer ser humano e por isto tudo confio no poder da oração.
Acredito que o Evangelhos nos dá questões inegociaveis, mas acima de tudo nos fala de amor ao próximo e dentro das nossas divergências sempre existirá o respeito, compaixão e principalmente o amor por cada uma das pessoas.

José Luiz de Paiva




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