Sempre que me perguntam porque Deus deixa acontecer coisas ruins com pessoas "inocentes"; costumo responder esta questão usando uma frase de Baruch Spinoza: “As coisas nos parecem absurdas ou más porque delas só temos um conhecimento parcial e estamos na completa ignorância da ordem e da coerência da natureza como um todo. ”

domingo, 23 de julho de 2017

Acumuladores De Culpas

Esta semana deparei-me com uma fábula que achei interessante, como gosto de fazer paralelos de algumas coisas que leio, pensei em comentar sobre ela. A fábula se chama "Cruzando o Rio", fala sobre dois monges e, segundo quem publicou, retrata  pensamentos obsessivos, vamos a ela:

"..Dois monges se preparavam para cruzar um rio quando avistaram uma jovem que também pretendia cruza-lo. Com medo da correnteza, a jovem pediu que os monges a ajudassem a chegar até a outra margem. Um dos monges hesitou, porém o outro logo a pôs sobre seus ombros e a carregou até a outra margem em segurança onde a deixou. Conforme os monges seguiam sua caminhada, afastando-se do rio, um deles se mostrou incomodado e preocupado. Sem conseguir segurar o seu silêncio, ele disse ao outro: "Você sabe que nossos ensinamentos espirituais nos proíbem de qualquer contato com as mulheres. Mas você a pôs em seus ombros e a carregou!". E o outro monge respondeu: "Sim, mas eu a deixei do outro lado do rio enquanto você parece ainda carrega-la." (créditos da letra no final do texto).

Não poderia pensar em uma resposta melhor. Ele fez o que deveria ser feito, o que a situação pedia, sem qualquer culpa ajudou a jovem em uma situação real de perigo diante do medo que ela sentia.
Naquele momento o objectivo era ajudar, não importando o fato der ser uma mulher, a sua mente esta tranquila quanto isto e por este motivo fez o que tinha que fazer sem qualquer outro tipo de pensamento.
Por outro lado, aquele que hesitou em ajudar pensou primeiro nas consequencias das quais ele acreditava que poderia ter, sem pensar na situação em si, agiu como um verdadeiro "acumulador de culpas".
Trazia consigo, em sua mente, aquele peso de um sentimento de "pecado" diante da situação, não tardou em questionar o acontecido querendo imputar a culpa em seu companheiro de viagem. Um assunto que para um deles já havia morrido, para o outro ainda estava vivo em seus pensamentos.

Lembrei-me de um trecho da  musica  "Impossível" cantada por uma banda de rock brasileira dos anos oitenta, noventa, onde a letra diz assim: “…Tudo que morre fica vivo na lembrança / Como é difícil viver carregando um cemitério na cabeça…” (créditos da letra no final do texto).

É mais ou menos isto que esta fábula retrata, coisas que levamos para a vida que na verdade deveriam ficar no caminho enterradas. São fardos que criamos que nos pesam nos ombros quando na verdade já deveríamos ter entregue nas mãos de Deus.

Entre todos os itens que carregamos dentro dos nossos fardos, talvez o mais pesado deles seja a culpa.
Na verdade somos culpados de muitas coisas, afinal somos pecadores, mas além destas que são legitimas, ainda levamos conosco algumas que não deveríamos carregar. Culpas que tomamos para nós em nome das tradições, convicções, ideologias e  que colocamos acima do que é certo.
Quem tem autoridade para estabelecer os padrões do que é certo e do que é errado?
Esta é uma pergunta muito importante da qual precisamos responder para nós mesmos.
Somos dotados de inteligência como seres racionais, portanto "podemos" criar padrões que para nós parecem certos. O grande problema está justamente ai, em acreditar que somos capazes de fazer isto.

Quando cremos em Deus, não podemos simplesmente limita-lo a um ser supremos que vive no céu e nos socorre quando precisamos, devemos dar a Ele a importância da qual de fato tem em nossas vida e buscar em Sua Palavra aquilo que precisamos para entender entre o certo e o errado.
Embora se trate de uma fábula, mas em uma situação real como poderiamos saber se o monge ao ajudar a jovem agiu de forma correta ou não?
No Livro de Marcos podemos encontrar uma resposta para esta questão:
"..E sucedeu passar ele num dia de sábado pelas searas; e os seus discípulos, caminhando, começaram a colher espigas. E os fariseus lhe perguntaram: Olha, por que estão fazendo no sábado o que não é lícito?
Respondeu-lhes ele: Acaso nunca lestes o que fez Davi quando se viu em necessidade e teve fome, ele e seus companheiros?

Como entrou na casa de Deus, no tempo do sumo sacerdote Abiatar, e comeu dos pães da proposição, dos quais não era lícito comer senão aos sacerdotes, e deu também aos companheiros?

E prosseguiu: O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado. Pelo que o Filho do homem até do sábado é Senhor.   Marcos 2: 23 à 28

Com isto não pretendo passar a ideia que "os fins justificam os meios", mas na verdade deixar para que reflitam sobre tantas tradições e labirintos que criamos que, no fundo, só complica o que é verdadeiramente simples.
A grande parte das reflexões bíblicas costumam falar sobre nossas culpas, em reconhecer nossa condição de pecador, do arrependimento e da necessidade do perdão de Deus, mas muitas delas existem em nós por causa de regras de tradições que não condizem com a Palavra de Deus. Em outra situação, mas que também nos esclarece sobre culpas que carregamos e não são nossas, está em Marcos 3:
“Outra vez entrou numa sinagoga, e estava ali um homem que tinha uma das mãos atrofiada. E observavam-no para ver se no sábado curaria o homem, a fim de o acusarem. E disse Jesus ao homem que tinha a mão atrofiada: Levanta-te e vem para o meio. Então lhes perguntou: É lícito no sábado fazer bem, ou fazer mal?
Salvar a vida ou matar?
Eles, porém, se calaram. E olhando em redor para eles com indignação, condoendo-se da dureza dos seus corações, disse ao homem: Estende a tua mão. Ele estendeu, e lhe foi restabelecida. E os fariseus, saindo dali, entraram logo em conselho com os herodianos contra ele, para o matarem. Marcos 3:1 ao 6
Um pouco mais a frente no capitulo 7, Jesus nos diz o resultado das "situações de culpas" que criamos para nós. Invalidamos a Palavra de Deus quando colocamos como regras aquilo que não provem Dele.
“…invalidando assim a palavra de Deus pela vossa tradição que vós transmitistes; também muitas outras coisas semelhantes fazeis.”   Marcos 7:13.
Se querem uma sugestão de qual "fardo" carregar, posso deixar aqui uma indicação:
“..Vinde a mim, todos os que estai cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo e leve.”  Mateus 11: 28,29,302
"....Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim...". Fantástico ler isto e saber que o unico julgamento que de fato importa sobre nós é o de Deus, por isto Ele pede que aprendemos sobre Sua Palavra e assim conhecer nosso fardo verdadeiro, ao qual nos promete ser leve.
José Luiz de Paiva





Os compositores da musica mencionada são: Álvaro, Bruno, Sheik, Miguel, Coelho. Para saber a fonte, clique AQUI


A Fábula é de origem desconhecida, se alguém tiver mais informações sobre ela, deixe nos comentários e os créditos serão atribuídos. O link indicado na publicação que li era: AQUI

domingo, 16 de julho de 2017

Imperfeição Consciente


Créditos a Foto
Não espere perfeição daqueles que seguem Jesus, eles o fazem justamente porque reconheceram suas limitações e necessitam desesperadamente de um Salvador para suas vidas. (Frase de Josemar Bessa, adaptada por José Luiz).

Este é um erro dos mais comuns cometidos por céticos quando o assunto é religião. Buscam nos que crêem falhas para justificar sua descrença e incredulidade, certamente encontram, porque se existe algo que temos de sobra, são falhas.

Não somos diferente de ninguém, apenas temos nossos "defeitos" evidenciados quando nos declaramos cristãos. Esta tentativa de justificar com argumentos contrários apontando nossas falhas, é uma estratégia pouco inteligente já que a primeira coisa que nos move para Deus, é o reconhecimento dos nossos pecados e a total dependência de Sua misericórdia. "...Todavia, não há um só justo na terra, ninguém que pratique o bem e nunca peque.." Eclesiastes 7:20 
Isto me faz lembrar minha época de escola, nunca fui bom em português, me saia melhor em matemática, mas quando recebia uma nota não muito boa, minha reação era querer saber quanto meus colegas tinham tirado para ver ser era igual ou inferior a minha, assim poderia ficar "tranquilo", afinal não ficaria sozinho naquela situação.
Sem entrar nos detalhes da inveja e o egoísmo desta atitude, hoje sabemos que o ideal é sempre nos espelhar nas melhores notas, desejar melhor "sorte" para nossos colegas, buscar ultrapassar nossos limites e focar em um objetivo que seja maior que nós. É exatamente isto que fazemos quando admitimos nossos pecados, conseguimos enxergar melhor a situação, nossas limitações e fraquezas, reconhecendo a necessidade de Deus.

Campo Das Provocações:

Vejo matérias e videos postados por críticos nas redes sociais sobre "pastores" cometendo verdadeira barbaridades nos pulpitos de suas igrejas. Sem qualquer pretensão de generalizar, mas muitos destes vídeos são colocados por alguns ateus, agnosticos, pessoas de outras religiões e crenças, como se nós, cristãos sérios não soubéssemos que gente assim existissem, ou que, talvez, nos sentissemos enganados por estes "pastores". 

Para estas pessoas, queria esclarecer que Deus nos alertou sobre isto a mais de dois mil anos atrás através das Escrituras Sagradas, que falsos profetas  e mestres surgiriam e se possível tentaria enganar até os escolhidos:

2 Pedro 2:1,2 e 3
"Mas houve também entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá falsos mestres, os quais introduzirão encobertamente heresias destruidoras, negando até o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição. E muitos seguirão as suas dissoluções, e por causa deles será blasfemado o caminho da verdade; também, movidos pela ganância, e com palavras fingidas, eles farão de vós negócio; a condenação dos quais já de largo tempo não tarda e a sua destruição não dormita."

Podem encontrar também em Mateus 7:15 - Mateus 24:5 - Mateus 24:24 - Atos 20:29,30....Estes são apenas alguns alertas que temos sobre este assunto, não nos escandalizamos quando vemos vídeos deste tipo nas redes sociais, sentimos piedades por aquelas pessoas, nos entristecemos por suas vidas, mas, infelizmente, não nos surpreendemos mais.


Cristão Comprometido:

Um cristão comprometido com a verdade, não fala de si com soberba, não exalta suas qualidades, não expõe suas virtudes, não se ilude com suas capacidades porque sabem muito bem que nada vem dele mesmo e sim do Senhor nosso Deus.
Não sabemos quando Deus vai agir, se vai agir em determinadas situações, como será ou quando será... não sabemos nada, apenas anunciamos Sua Palavra com a capacitação que Ele deu a cada um conforme Sua vontade.

Não temos respostas para muitas perguntas que são feitas e mesmo assim não deixamos de crer. Muitos pregadores acabam por cair justamente nesta "armadilha", querem passar uma ideia errada que temos resposta para tudo, acabam por falar coisas, as vezes até com boas intenções, mas que não condiz com o nosso conhecimento.
Não espere de nós pessoas perfeitas e com atitudes "sensatas" sempre, lembrem-se, quando estamos divulgando a Palavra de Deus, é da vida de Jesus que estamos falando e não da nossa e dependemos desta Palavra da mesma forma daqueles que estão ouvindo.
Se querem comparar a vida de alguém que fala sobre Deus com suas atitudes no dia a dia, leia os Evangelhos e faça esta comparação da vida de Jesus com tudo aquilo que Ele pregava, esta é uma comparação mais justa.

Meu texto anterior fala justamente sobre a tolerância, das opiniões que precisam ser respeitadas e que haja liberdade para as pessoas manifestarem seus pensamentos. O que não podemos aceitar são ataques infundados que colocam todos os cristãos sérios e os "ditos cristãos" em um mesmo "saco" como se tivéssemos o mesmo grau de comprometimento com Deus.

Ao contrário do que podem pensar estas pessoas, não me ofende ver estes vídeos postados nas redes sociais, estou muito tranquilo quando a isto, mas me compadeço por estas pessoas, as que aparecem nos vídeos e as que postam com a intenção de provocar,  ambos precisam da mesma compaixão e assim como todos nós, da misericórdia de Deus.


Meus dois últimos alertas são para aquelas pessoas que se deixam enganar por estes falsos mestres: 
Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna; e são elas que dão testemunho de mim; …”  João 5:39  (Bom ler todo o capítulo) 

Respondeu-lhes Jesus: A minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou. Se alguém quiser fazer a vontade de Deus, há de saber se a doutrina é dele, ou se eu falo por mim mesmo. Quem fala por si mesmo busca a sua própria glória; mas o que busca a glória daquele que o enviou, esse é verdadeiro, e não há nele injustiça…”   João 7:16 ao 18. (Bom ler todo o capítulo)


                                                                                                            José Luiz de Paiva