Sempre que me perguntam porque Deus deixa acontecer coisas ruins com pessoas "inocentes"; costumo responder esta questão usando uma frase de Baruch Spinoza: “As coisas nos parecem absurdas ou más porque delas só temos um conhecimento parcial e estamos na completa ignorância da ordem e da coerência da natureza como um todo. ”

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

A simplicidade do Evangelho


Créditos a foto
A cada dia mais, reforça a minha opinião de que as pessoas estão criando situações de desgastes simplesmente porque não conseguem mais compreender uma as outras.

Já lemos algo parecido na história da Torre de Babel, em Génesis 11: 1 à 9, mas diferente do que aconteceu na época, aqui ainda falamos o mesmo idioma, mesmo assim não conseguimos nos comunicar, estamos perdendo aos poucos a capacidade de nos entender.

Não me refiro apenas a diferentes linhas de pensamentos, mas, também, a total ignorância (compreensão) do que a outra parte está querendo dizer.

Falamos o mesmo idioma, mas o entendimento fica cada dia mais difícil e isto deve-se por culpa de ambos. De uma lado alguém que não sabe se expressar, do outro uma pessoa incapaz de parar e ouvir o que está sendo dito.

Este problema está se tornando cada vez mais frequente em nosso meio, mesmo quando tentamos expressar simples sentimentos ao escrevendo uma carta, email, ou mesmo uma mensagem de texto, a dificuldade em ser compreendido é grande.
Parece que as pessoas estão ficando com preguiça de ler e de ouvir, estão criando uma certa indiferença com o interlocutor, um julgamento precipitado que acaba levando a formar uma opinião equivocada sobre ela
É como se soubéssemos o que o outro vai dizer e com isto já formulamos a resposta, sem nem mesmo ouvir o que foi dito.

Como aquelas pessoas que separam trechos isolados de textos ou mesmo de conversas e usam para formular sua opinião sobre determinado assunto, sem entender o contexto ou se aprofundar para compreender melhor  o que o outro quer dizer com aquilo.

Não é difícil presenciar debates intensos onde os participantes ao final não conseguem chegar a um acordo e o curioso é que os dois lados querem o mesmo, apenas não conseguem se entender porque pouco se escutam. Buscam o mesmo objectivo, estão dispostos a percorrer o mesmo caminho, conhecem todas as dificuldades, mas possuem maneiras diferentes  de expor seus pensamentos.
Isto se dá porque nenhum dos lados conseguem se "ouvir", não se abrem para isto, já entraram no debate fechados para ideias e com o conceito já definido do seu oponente.

Este é um problema que vem acontecendo em todas as áreas, todos os seguimentos e, infelizmente, também no meio evangélico.

Além disto que já foi dito aqui, a situação ainda fica pior quando alguns pregadores tentam transformar seus pensamentos em verdadeiros textos jurídicos difícil de ser compreendido por grande parte das pessoas. 

Estou cansado de ler mensagens tão "elaborados", de pastores de renome e conhecidos por suas intelectualidades, que acabo por entender apenas metade do que eles querem dizer ali.

Sem querer incentivar o comodismo,  ao contrário, acredito que todos devemos sempre nos atualizar, aprender com os estudos, leituras e pesquisar palavras quando não as compreendemos, como uma forma de nos aprimorar. A leitura é muito importante na vida das pessoas, ela nos dá novos horizontes.
Temos um propósito para cada situação, quando se trata de evangelização, penso que o importante é ser o mais claro e simples possível.

Acredito na simplicidade das palavras e na forma verdadeira, direta, educada e com muito respeito quando se leva a Palavra de Deus para alguém.
Quando falamos do Evangelho, o que menos interessa são nossas teorias sobre o assunto, o importante é a objetividade e simplicidade dos fatos ali descritos.

Precisamos compreender que nosso trabalho é tentar facilitar as coisas, nunca tirar ou acrescentar, mas tentar simplificar o entendimento. 
"....E aconteceu que o Espírito Santo disse a Filipe: Aproxima-te e acompanha essa carruagem. Então Filipe correu para a carruagem, ouviu o homem lendo o profeta Isaías e lhe perguntou: Compreendes o que estás lendo?
Ao que ele replicou: Como podereis compreender, a não ser que alguém me explique?
E pediu  a Filipe que subisse e se sentasse ao seu lado..." Atos 8: 29,30,31.

Se com toda a intelectualidade e eloquência que podemos conquistar, fossemos capazes de fazer alguém compreender o Evangelho com nossos textos "elaborados" e cheios de palavras difíceis, não precisaríamos do Espírito Santo. O fato é que não somos capazes disto, nossa missão é, apenas, fazer com que as pessoas entendam a necessidade dele.   Pense nisto.

Soli Deo Gloria 


José Luiz de Paiva

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