Sempre que me perguntam porque Deus deixa acontecer coisas ruins com pessoas "inocentes"; costumo responder esta questão usando uma frase de Baruch Spinoza: “As coisas nos parecem absurdas ou más porque delas só temos um conhecimento parcial e estamos na completa ignorância da ordem e da coerência da natureza como um todo. ”

sábado, 4 de março de 2017

Inversão de Valores


Um jovem saiu cedo de sua casa para sacar um valor em dinheiro no caixa eletrônico e pagar suas contas mensais. Chegando ao banco, se dirigiu ao caixa e fez o saque de mil reais, ao sair do banco foi assaltado e levaram todo seu dinheiro. 

Ao partilhar este acontecimento com seus familiares e amigos, foram unânimes em critica-lo por estar sozinho e ter feito um saque tão alto em um caixa eletrônico. 

Esta história é igual a de milhares de pessoas que passaram por uma situação parecida, por incrível que possa parecer muitos se identificam com esta situação, seja pelo fato de já terem sido assaltados, ou por já terem criticado alguém que passou por isto.

 “.Tenho-vos dito estas coisas, para que em mim tenhais paz. No mundo tereis tribulações; mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.”  João 16:33

Passar por uma situação como esta não deve ser nada fácil, ainda mais quando aqueles que deveriam se solidarizar, são os primeiros a apontar falhas em nossas atitudes.
A impressão que se deixa com isto, é que  na visão destes críticos o assaltante estava fazendo seu papel naturalmente e o jovem que trabalhou duro para receber seu salário e juntar seu dinheiro, tivesse cometido o maior erro de sua vida ao ir sacar um valor que era seu. 

Entendo que não podemos facilitar, alguns cuidados poderiam ter sido tomado, mas vivemos em uma época de estrema inversão de valores, nos escandalizamos por coisas erradas, vivemos o absurdo em que deixamos de fazer coisas honestas e saudáveis, por medo de assaltos e outros tipos de violências dos quais estamos expostos  hoje em dia.

Estamos nos conformando e nos adaptando as situações que nos colocam atrás de grades invisíveis que nos limitam,  enquanto estes maus feitores vivem livres em seus comportamentos.

Quantos de nós já tiveram a oportunidade de ver vídeos postados em redes sociais de pessoas fazendo boas ações?
Registram estas situações como se fossem algo fora do natural, quando na verdade deveria ser a nossa rotina, algo que brotasse em nós de forma espontânea. Ser solidário não doe nada e a cada dia as pessoas estão mais ensimesmadas.

Enquanto estava escrevendo este texto me deparei com uma matéria no portal G1 que reforça os meus argumentos. Antes de reproduzir uma parte dela, gostaria de elogiar a atitude deste jovem, precisamos exatamente disto, que cada pessoa faça sua parte, atitudes pequenas e significantes:
O funcionário público Igor Bezerra, de 27 anos, tomou um susto quando voltou de uma festa do carnaval de Petrolina, no Sertão de Pernambuco, e encontrou parte do vidro do carro aberto. Mas o que tinha tudo para virar mais um registro de furto na delegacia teve outro final. No banco do motorista ele achou um bilhete com o recado: “Boa noite. Pegamos seus pertences para ninguém roubar. Amanhã liga, que devolvemos”.
(….)O caso foi compartilhado em uma rede social, já tem quase 3 mil compartilhamentos e mais de mil comentários.” (link para matéria completa no final do texto).

É uma fase tão sombria de nossa história que atitudes como estas se destacam por serem inesperadas, custa acreditar que alguém faria isto sem qualquer tipo de interesse.
É tão verdade, que em outro trecho da matéria, ele ainda desconfiou que se tratava de um golpe: “Ainda pensei se não seria um golpe ou se o cara estava querendo fazer outro contato", diz o funcionário público (…)Chamei dois amigos para ir comigo, caso fosse uma emboscada.…”

Longe de querer generalizar, felizmente a grande maioria das pessoas tem um parâmetro de honestidade, não posso deixar de elogiar a atitude deste rapaz em preservar os bens de quem ele não conhecia, simplesmente por entender que estava fazendo o correto e de fato estava.
São atitudes assim que precisam voltar a ser naturais, que as pessoas se importem mais umas com a outras, que possamos ampliar nosso circulo de bondade para que vá além de nós mesmos e daqueles a quem preservamos. 
Precisamos olhar mais para os lados, perceber as pessoas e suas necessidades, as vezes de coisas tão simples e ao mesmo tempo importantes a elas, coisas que nós poderíamos facilmente resolver com uma simples atitude.

Começamos a perder nossa identidade a partir do momento em que decidimos viver sob nossas próprias regras, mas o que não percebem, que ao contrário de ter uma vida independente, vivem tentando a aprovação das pessoas para serem aceitas no meio em que vivem, perdendo o poder de terem suas próprias opiniões.
Esta visão pós-moderna que vivemos hoje leva as pessoas a fazerem  coisas das quais elas julgam serem as corretas, estão rejeitando os limites e as regras, porem precisamos reconhecer que este caminho que estão tomando, não está levando a paz e a união.

Minha  intenção com este texto é simples, é tentar motivar as pessoas de bem a fazer o bem. Parece uma analogia simples, mas o que vemos hoje são pessoas boas preocupadas com sua segurança e com isto inibidas em praticar o bem. 
Não precisamos correr riscos, mas sempre haverá pessoas, em determinadas circunstancias, dependentes de um ato de honestidade para não perder algo de valor para si.
Como cristão sempre aprendi lendo a Bíblia a não me conformar com certas coisas, busco uma forma de manifestar aquilo que penso sem o uso da violência, a forma que encontrei foi escrevendo e partilhando aquilo que aprendi para que cada um analise e tire suas conclusões
 

“….E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que proveis qual é a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Pela graça que me foi dada, digo a todo aquele que está entre vós, que não pense de si mais do que convém, mas dirija a sua atenção para pensar sabiamente, conforme a medida da fé que Deus a cada um repartiu.” Romanos 12:2.3.

  

"Temos que aprender a viver todos como irmãos ou morreremos todos como loucos" Martin Luther King.

José Luiz de Paiva 

Para visualizar a matéria mencionada neste texto do portal de noticias G1 de 27/02/2017 as 14:27h, cliquei AQUI

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