Sempre que me perguntam porque Deus deixa acontecer coisas ruins com pessoas "inocentes"; costumo responder esta questão usando uma frase de Baruch Spinoza: “As coisas nos parecem absurdas ou más porque delas só temos um conhecimento parcial e estamos na completa ignorância da ordem e da coerência da natureza como um todo. ”

terça-feira, 5 de março de 2019

Amor ao Próximo

Créditos: ciclos-de-vida-imagem-picssr
Esta semana um amigo mandou-me um texto muito interessante, infelizmente com autor desconhecido. 
Como de costume, tentei separar alguns pontos para que possamos usar em uma reflexão. 

Depois de alguns ajustes vou compartilhá-lo aqui (Se alguém tiver informações sobre o autor, por favor deixar nos comentários e darei os devidos créditos).

Quando estive a ler a primeira vez me pareceu um pouco ofensivo, confesso que em minha juventude ao me deparar com algo assim ficaria chateado, mas em uma segunda análise, ponderando alguns pontos, percebi o sentido das comparações com os dias actuais e algumas destas diferenças não podemos negar ou fugir delas. Vamos a ele:

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Uma geração de ouro está indo embora!

Nós estamos indo embora, a geração de ouro, aqueles de quarenta, cinquenta e sessenta anos, estamos indo!

E agora quem vai nos substituir, sem amor ao próximo?
Nós que estamos acima dos quarenta somos uma geração única e mais compreensiva, porque somos a última geração que ouvíamos nossos pais, avós e tios. Também respeitávamos professores, pessoas mais velhas e amávamos de verdade. Nós tínhamos apelidos e não eram desrespeitosos, as músicas que ouvíamos não agrediam, nós atravessamos a era do rock, pop, os top-hits, viagem a lua e muitas guerras que não eram nossas.
Crescemos protegidos pelos militares, estudamos em escolas e faculdades públicas, não havia plano de saúde, brincávamos no Carnaval dos clubes, havia baile de debutantes, tínhamos dois meses de férias, namorávamos, muitos de nós se casaram com a primeira namorada e estão casados até hoje. Somos uma edição limitada, aproveitem enquanto vocês podem.
Acredite, deu muito trabalho para construir o mundo que hoje está sendo destruído por falta, do que no passado, tínhamos em abundância o “AMOR AO PRÓXIMO”.

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Vamos nos despir de vaidades e "escudo de protecção"  para poder analisar friamente estas palavras.

Sempre que nos deparamos com textos que expõem situações de vida e defendem um tipo de comportando, é natural que provoquem reacções, alguns podem concordar  em sua totalidade, outros apenas em partes, ou até mesmo discordar de tudo, mas gostaria que focássemos apenas nas ultimas três palavras deste texto: “AMOR AO PRÓXIMO” .

Este texto nos dá margens para debates,  poderíamos seguir várias linhas de pensamento e muitas indagações, mas vamos ficar apenas como seu final, porque uma certeza permanece,  muitas coisas mudaram ao longo do tempo e o que temos de mais grave nestas mudanças é a falta de amor entre as pessoas.
Recentemente presenciei uma pregação sobre "amor ao próximo", o texto citado foi Lucas 10:25 a 42. Nestes capítulos uma pergunta surgiu, embora quem questionava tinha um motivo mais provocativo para fazê-lo, mesmo assim acredito que esta dúvida existe até hoje no coração de muitos, "quem é o nosso próximo"  a quem devemos amar?

Esta é uma questão que o próprio texto de Lucas esclarece, importante ler o capítulo completo, mas quero levantar uma nova pergunta da qual precisamos compreender, será que ainda temos este amor para dar?

Acredito que muitos responderão que "sim", outros mais pessimistas podem acreditar que "não" e se nos deixarmos levar por tudo que vivemos hoje, esta afirmação não nos parece absurda. As notícias que tantos nos assustam nos telejornais, as barbaridades que aos poucos vamos nos acostumando com elas e não nos surpreendemos mais quando ouvimos, tudo isto nos dá margens para duvidar.
Diante deste cenário que os dias actuais nos apresenta, será que ainda assim podemos manifestar este amor?

Muitas dúvidas podem surgir em nós, mas seria bom começarmos a esclarece-las, me sinto bem confiante em dizer  que "sim", temos entre nós este amor para dar ao próximo e esta minha afirmação vem da promessa feita por  Jesus pouco antes de ser crucificado. 
Em João 14:16, Jesus nos dá esta certeza:  “..E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre; O Espírito de verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco, e estará em vós.”
A lógica aqui é simples, se temos entre nós o Espírito Santo de Deus, então podemos crer que este amor pode estar em nós.

Ainda temos entre nós o Espírito Santo de Deus.

O Espírito Santo de Deus, foi relatado por um anjo como “o poder do Altíssimo” (Lucas 1:35, JFA). Este é o poder que criou o universo e que nos sustenta até hoje, do qual é a fonte deste amor.
 
Apesar desta certeza que nos alivia, existe outra que é preocupante, estamos nos afastando a cada dia deste Poder e é exactamente por isto que sentimos dificuldades em compreender o significado de amor ao próximo.
Uma das causas deste afastamento acontece quando começamos a priorizar nossos afazeres diários, tudo aquilo que colocamos a frente de Deus e aos poucos vamos O excluindo de nossas vidas, muitas vezes sem mesmo perceber.
Vivemos tão atarefados e com nossas mentes sempre voltadas para o trabalho, lazer, amizades e várias outras coisas que julgamos ser importantes demais para tentar abrir um espaço em nossa agenda. Estas responsabilidades, que de fato são importantes, nos fazem questionar, como podemos manifestar este amor se hoje não temos tempo para mais nada?

Já vivi muito dentro deste dilema, cada tentativa de me redimir com Deus me dedicando mais a sua obra acabava por me trazer outras dificuldades, parecia que as coisas começavam a acontecer para me impedir de ter um comprometimento maior em Sua obra, mas o que não percebia era que Deus não me pedia nada além do meu coração aberto para receber deste amor, do qual só podemos conhecer através Dele.


Comecei a compreender que ao partir de nós a tentativa de ajeitar tudo e só então buscar a Deus as coisas não se alinham, fica a faltar algo, porque na verdade somos limitados em nossas acções. Quando reconheci minhas limitações entendi que precisava apenas manter meu coração aberto para Deus, para que Ele fizesse a obra e assim buscá-Lo oração, "eis-me aqui Senhor".

Quando percebi isto, as coisas começaram a mudar, não deixei de cumprir minhas responsabilidades diárias e Deus foi colocando as pessoas exactamente onde elas precisariam estar para que assim Ele pudesse me usar como instrumentos em Suas mãos.
Não importa nossas limitações, agendas lotadas, compromissos de trabalho ou lazer, porque tudo que fazemos  precisa reflectir  Sua Glória para que o mundo posso enxergar em nós este amor.

"Portanto seja comendo, seja bebendo, seja fazendo qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus. Não seja motivo de tropeço nem para judeus, nem para gregos, nem para a igreja de Deus" 1Cor 10.31-32

Vivendo este amor.

Um certo dia, o ministro de uma igreja chamou um de seus membro para conversar, era uma senhora muito humilde que todos os domingos estava nos cultos, mas, infelizmente, não conseguia participar das outras programações da igreja.
Este ministro queria saber o motivo e ela respondeu que trabalhava com limpeza e fazia dois períodos por dia de segunda a sábado para poder manter sua família.
O ministro olhou para ela e perguntou se com esta agenda lotada qual o tempo que sobrava  para servir ao Senhor?
Com muito amor em suas palavras ela respondeu: - A todo tempo. Se estou limpando o chão de uma casa, faço isto como se Jesus fosse passar por ele, quando estou a lavar as louças, tento deixa-las como se fosse para ceia do Senhor e assim encaro com esta responsabilidade todas as minhas tarefas diárias. 

Todos sabemos da importância dos trabalhos que as igrejas fazem, como é gratificante poder participar e estar a servir as pessoas, principalmente quando fazemos isto para glória de Deus, não é esta a questão aqui, mas de como devemos manter nossa vida focada no que realmente importa, glorificar a Deus através do que vivemos. 

Outra questão que nos atrapalha a sentir este amor, é a dificuldade que encontramos em nos amar, gostar da pessoa que somos, valorizar a vida que temos, mesmo quando nos encontramos em dificuldades. Este amor que precisamos ter para com o próximo é o mesmo amor que precisamos sentir por nós mesmos, o verdadeiro amor do qual desperdiçamos dando lugar a outros sentimentos que não edificam e só nos afastam da Fonte principal que é o Espírito Santo de Deus. 
"...Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento.
Este é o grande e primeiro mandamento.
E o segundo, semelhante a este, é: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.” Mateus 22: 36 a 39

Parecer óbvio, mesmo assim vou dizer: O caminho para amar ao próximo e a nós mesmo é: "Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento".
Parece complicado?
Não é, lembre-se da pequena oração que pode fazer e deixar o resto para que Deus faça em seu coração: "..eis-me aqui Senhor".
  
Para finalizar, a analise proposta no texto acima, não se trata do quanto podemos nos orgulhar em ter vivido nesta ou em outra geração, porque tudo caminha conforme a vontade de Deus. O importante é a forma que vivemos e enfrentamos os obstáculos que se sucedem e a cada dia vem deixando as portas mais estreitas.
"Porque estreita é a porta e difícil o caminho que conduzem à vida, apenas uns poucos encontram esse caminho! Pelo fruto se conhece a árvore." Mateus 7:14





Um comentário:

  1. Muito bom, Luiz.
    Já aderi ao "eis-me aqui, Senhor" e repassei ao namorado.
    Ótimo texto.
    Sucesso ao blog!!

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