Sempre que me perguntam porque Deus deixa acontecer coisas ruins com pessoas "inocentes"; costumo responder esta questão usando uma frase de Baruch Spinoza: “As coisas nos parecem absurdas ou más porque delas só temos um conhecimento parcial e estamos na completa ignorância da ordem e da coerência da natureza como um todo. ”

domingo, 23 de abril de 2017

Eu que Era Cego, Agora Vejo


O que vem a seguir são relatos de uma das situações mais belas e didácticas que precisamos ter sempre em mente. Esta é uma óptima oportunidade para exercitarmos a empatia, tentar imaginar as circunstâncias e os fatos comparando com nossas dúvidas e receios hoje. Vamos ao texto:  

“Uma pessoa leiga em matéria de estudos bíblicos, viu-se confrontada por um sério problema teológico.
Cego de nascença passara seus dias a pedir esmolas nas ruas de Jerusalém.

A Rotina de sua vida foi perturbada certo dia quando Cristo se aproximou e lhe restaurou a visão. A partir daquele momento o ex cego foi caçado e perseguido pelos líderes eclesiásticos de seu tempo, até os parentes foram arrastados a corte para uma audiência pública.
As autoridades eclesiásticas queriam que o ex cego fizesse uma declaração pública no sentido de que o homem que o curara não era profeta, nem membro dos círculos dirigentes, mas apenas um ordinário pecador.
Exausto por tão cruel interrogatório a que foi submetido, o pobre  homem, que não podia medir-se com seus sagaz inquiridor, finalmente disse:
- Se é pecador, não sei, mas uma coisa sei, eu era cego e agora vejo. (João 9.25)

Nessas palavras finais o ex cego nos deu a quintessência de todo testemunho cristão eficaz, deu-nos também, a pedra de toque de toda argumentação teológica válida.

Na verdade ele estava dizendo: Todos os argumentos hábeis podem estar a vosso lado, com vossa lógica refinada podeis até acabar “provando-me” que és pecador o homem que me curou. Há, porem, uma coisa que jamais poderão modificar, uma coisa com respeito a qual jamais podereis mudar minha maneira de pensar: Eu era cego e agora vejo.
Elevado ao nível espiritual, foi este o testemunho do apóstolo Paulo no livro dos Atos dos Apóstolos em todas as suas epístolas. “Eu, que era totalmente cego, agora vejo”.
Embora Paulo tenha ficado cego literalmente e voltado a enxergar, graças ao poder de Deus, mas não era apenas desta cegueira que ele falava, mas da pior delas, a espiritual.

O que Cristo fizera por ele era tão evidente, tão verdadeiro que poderia ficar de pé na presença de reis e dizer:  “Uma coisa eu sei”..
Quando Deus abre nossos olhos e passamos a entender coisas que antes nos eram absurdas e tudo passa a ter sentido, é algo que não se pode explicar simplesmente, mas que se vive, depois disto, argumento algum pode derrubar a maior das descobertas. “Eu, que era totalmente cego, agora vejo”. 

É o testemunho que também podemos dar, é possível que em algumas circunstâncias não podemos competir em matéria de agudeza mental com brilhantes teólogos, possível que não estejamos em condições de enfrentar filósofos profissionais em seu terreno, mas podemos dizer a todos: “Não sei se está certo ou errado a tua impressionante argumentação, mas uma coisa sei, eu era cego e agora vejo”.

E a exemplo de Paulo, podemos dedicar nossa vida, por humilde que seja, ao Homem que nos deu a visão, lembrando das eloquentes palavras de Paulo: “Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo que vive em mim; e esse viver que agora tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a Si mesmo Se entregou por mim”. (Gálatas 2.19,20).”

Comentários de: José Luiz de Paiva

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