Sempre que me perguntam porque Deus deixa acontecer coisas ruins com pessoas "inocentes"; costumo responder esta questão usando uma frase de Baruch Spinoza: “As coisas nos parecem absurdas ou más porque delas só temos um conhecimento parcial e estamos na completa ignorância da ordem e da coerência da natureza como um todo. ”

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Esperar só em Deus

Marcos 12: 29 à 31: “Qual é o primeiro de todos os mandamentos?
Respondeu Jesus: O primeiro é: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor.
Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de todas as tuas forças.
E o segundo é este: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que esses.”

Amar o Senhor teu Deus de todas as formas e sobre todas as coisas, é um amor incondicional, um amor que vem da fé em reconhece-lo como Salvador, única esperança para nossa vida.
Falar do amor que precisamos ter para com Deus é como explicar da necessidade que temos do ar para respirar, com a diferença, entre outras, é que sem Deus realmente conheceremos a morte.

Amar o teu próximo como a ti mesmo, como conseguir isto se mal conseguimos nos amar?

Paulo declarou em I Corintios 13:4: "O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não se vangloria, não se ensoberbece, não se porta inconvenientemente, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal; não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta."

o amor não é invejoso: O que é a inveja?
Segundo o dicionário, a inveja é uma palavra do latim invidiã, significa o desejo de obter algo que outra pessoa possui e que você não tem. Representa a tristeza ou o pesar pelo bem alheio.
O filosofo Alemão Arthur Schopenhauer (1788 – 18560), disse: “A inveja dos homens mostra o quando se sentem infelizes, e sua atenção constante às ações e omissões dos outros mostra o quando se entediam.”
Diria que a inveja é a incapacidade de repartir, de se alegrar com o bem alheio, a incapacidade de olhar para uma pessoa e se sentir realizado com o seu sucesso simplesmente por conhece-la.
Uma situação que exemplifica bem este sentimento, algo que também vivi é o orgulho que o povo manifesta quando um atleta do nosso pais, mesmo desconhecido, se destacava em uma modalidades de um campeonato mundial, é como se este atleta nos representa-se e todas as nossas esperanças estivesse com ele naquele momento, mesmo sem nunca ter o conhecido ou trocado uma palavra.
Este mesmo sentimento não conseguimos ter por pessoas que convivemos, pessoas que vencem com o mesmo empenho daquele atleta, com a mesma alegria e merecimento. Isto acontece justamente porque é mais fácil se orgulhar por  um “estranho” do que se alegrar com pessoas que vencem e vivem ao nosso redor.

O amor não se vangloria: 
Li uma frase uma vez de um autor desconhecido que dizia: “Não fale de sua felicidade a alguém menos feliz que você.”
Das poucas coisas que trago em minha memória, esta frase é uma delas, mas não foi apenas esta frase que me serviu de inspiração, minha mãe era uma pessoa humilde, mas uma das lições que ela me ensinou foi jamais discutir e descordar de pessoas “inflamadas”. Uma de nossas vizinhas a chamava carinhosamente de “Dona Concordida”,  justamente porque ela preferia concordar com uma opinião do que provocar uma discussão sem fim que te levaria a nada.
Entendo que não podemos aplicar esta sabedora a todas as situações da vida, em muitas delas precisamos nos posicionar, mesmo contrariando opiniões dos nossos interlocutores, mas aos 48 anos de vida percebi que em algumas situações é muito melhor seguir os ensinamentos de minha mãe.

Não se ensoberbece:
Se ensoberbecer é uma expressão significativa de vangloriar-se. Uma das propriedades do amor é que ele não se vangloria como lemos em I Corintios.

Não se porta inconvenientemente.
Uma das situações mais constrangedoras que já vivenciei é quando te usam como exemplo, seja positivamente ou negativamente, talvez uma das coisas que mais te causa dor e tristeza.
Recentemente fui conhecer uma igreja próxima de casa e acabei chegando cedo para o culto, estava praticamente vazia. Foram chegando algumas pessoas e todos que chegavam ficavam em oração, algumas se ajoelhavam e outras oravam sentadas assim como também estava fazendo.
Quando chegou os pastores se dirigiram para as cadeiras que ficavam atrás do púlpito e ficaram orando ajoelhados, isto por um bom tempo, aproximadamente uma hora.
Quando terminaram de orar, um deles se dirigiu a igreja e  reprendendo disse: “Irmãos, este momento de oração é para todos aproveitarem, sei que o banco da igreja é confortável, estofado, mas não e para ficar ai sentado (encenando a situação)  e não aproveitar este momento de oração.”
Bom, senti que aquilo era para minha pessoa, afinal era o único que permaneceu orando sentando todo o tempo.
De fato o bando da igreja era bem confortável, um dos melhores que já vi. Era um visitante naquela pela primeira vez, mal conhecia os costumes da igreja, tenho problemas no meu joelho, fiquei em oração todo tempo, aliás era isto que buscava ali, mesmo assim fui repreendido e me senti envergonhado e deslocado diante disto.
Mesmo que aquela advertência não tenha sido dirigida a minha pessoa, o importante é entender que existem maneiras de se passar uma mensagem e a forma como esta foi passada não chegou perto do ideal. Ele se portou inconvenientemente.
"Sejam sábios no procedimento para com os de fora; aproveitem aos máximo todas as oportunidades. O seu falar seja sempre agradável e temperado com sal, para que saibam como responder a cada um." Colossenses 4:4,6


Não busca os seus próprios interesses.
Acordamos cedo para ir ao trabalho, no caminho enfrentamos verdadeiras maratonas, além do despertar “preguiçoso” de uma noite de sono, o meio de transporte que não é adequado, a demora para chegar até lá, o tumulto de pessoas cada uma buscando seu espaço no coletivo e tantos outros inconvenientes que nos leva a pensar que só enfrentamos tudo isto porque esperamos dias melhores, um deles é o pagamento mensal.
A vida nos empurra para pensamentos egoístas, para uma forma de viver onde buscamos coisas melhores para nós onde  cada pessoa deva fazer o mesmo em seu favor.
Como ensinar alguém que vive uma rotina assim a não buscar seus próprios interesses?
A resposta para esta pergunta passa por aquilo que lemos no livro dos Salmos, capítulo 37, versículo 5: “ Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nele, e ele tudo fará.”
O que não quer dizer que devemos abrir mão de tudo o que fazemos, nossos sonhos e objetivos, apenas afinar as pontas e ver se estamos esperando em Deus ou buscando por nós mesmos.
Martim Lutero formulou a relação de oração e ação da seguinte forma:
"Hoje tenho muito a fazer, portanto, vou precisar orar muito.
Devemos orar com tanto vigor como se tudo dependesse de Deus e trabalhar com tanta dedicação como se tudo dependesse de nosso esforço".

Mas o que isto tudo tem a ver com a busca “do seu próprio interesse”?

Acredito que uma pessoa que busca apenas aquilo que é bom para ela, não olha para o lado, não ajuda quem precisa e vive de forma egoísta, não consegue compreender a verdade que só conseguiremos o que realmente precisamos se vier de Deus, através de Sua Graça.

Não se irrita.
FILIPENSES 04:6 “Não andeis ansiosos por coisa alguma; antes em tudo sejam os vossos pedidos conhecidos diante de Deus pela oração e súplica com ações de graças;..”
No nosso dia a dia, uma das coisas que nos deixam bem irritados é a ansiedade, a espera de algo que não acontece, uma noticia que não chega e acaba nos preocupando e tudo que acontece ao nosso redor nos irrita.
Acabamos descontando em pessoas que não tem nada a ver com a situação, causando uma situação bem complicada.
Deus nos pede para não andar ansioso com nada, tudo acontece no seu tempo certo, nada está encoberto e esquecido para Deus.

 Não suspeita mal.
Quando comecei a frequentar uma igreja evangélica, uma das primeiras histórias que ouvi foi sobre uma situação onde o professor da escola dominical perguntava para seus atentos alunos: “Quem é o senhor do mal?”
Não é difícil imaginar que as respostas surgiam sempre apontando para um, o diabo, mas o professor voltando para sua classe dominical explicava: “Não... Deus é o Senhor de todas as coisas, inclusive do mal.”
Sem entrar no mérito da questão ou da forma como foi colocada esta situação, a verdade é que sim, Deus é o Senhor de todas as coisas, e controla todas as situações, esta verdade nos é suficiente para entender que não precisamos temer o mal. O mal existe, está no mundo, mas somos felizes quando aceitamos e temos fé nas palavras do Senhor: I JOÃO 04:4 “Filhinhos, sois de Deus, e já os tendes vencido; porque maior é o que está em vós do que o que está no mundo.”

Não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a verdade.

As vezes temos a sensação, ou talvez seja uma verdade, que vivemos em um mundo de valores invertidos.
Durante a disputa da Copa do Mundo no Brasil, uma noticia vinculou por vários dias em diversos meios de comunicação. Uns torcedores esqueceram ingressos para os jogos dentro de um táxi, o taxista procurou a pessoa e devolveu os ingressos, em outro episódio também muito divulgado, um outro torcedor encontrou no chão outro ingresso e procurou o dono para devolver. Duas situações que, felizmente, em alguns países são hábitos normais. Os meios de comunicações noticiaram estes dois fatos como algo fora do comum.
Não importa qual o tamanho de sua ação, mas que seja justa, que busque a verdade porque só assim poderemos nos regozijar com a justiça, com a verdade, em ver  a alegria de alguém que perdeu algo importante sendo recuperado, uma sensação que não se compra ou substituiu com o “beneficio” de uma vantagem em cima de outra pessoa.
Esta verdade não aplica-se apenas em situações como esta, mas também em injustiças cometidas por nossa língua, calunias e difamações com o intuito de denegrir a imagem de outra pessoa, simplesmente para vê-la sofrer.
Mesmo que tenhamos um dia recebido este tratamento de alguém, nada justifica devolver este mal.
I PEDRO 03:10 “Pois, quem quer amar a vida, e ver os dias bons, refreie a sua língua do mal, e os seus lábios não falem engano;..”

 Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O amor é isto, passa por tantas coisas, mas jamais perde a fé, jamais deixa de acreditar que no fim o caminho da justiça nos levará ao Pai. Deus nunca nos disse que seria fácil, nunca nos prometeu flores em cada esquina sem os seus espinhos.
O caminhar com Deus é algo inexplicável, situações únicas que não são esclarecidas ou resolvidas com o nosso entendimento, mas com Sua misericórdia.
A fé talvez seja a atitude, a ação mais difícil a seguir, falo isto por experiência própria, mas seja como for é a única solução para uma vida no caminho do Senhor.
O que não me faz desanimar diante destas minhas dificuldades sobre a fé, é a misericórdia de Deus, é saber que Ele me perdoa e entende minha condição de pecador, isto que me faz prosseguir e não desistir.
O que é o sofrimento quando se tem o consolo de Deus?
Tudo cremos porque entendemos que nada acontece debaixo do céu sem o Seu conhecimento.

Resolvi escrever hoje por causa destes dois pontos: “tudo espera, tudo suporta”. Estamos esperando em Deus a solução para uma situação que não se resolve, situação de tirar o sono e de sentir que não vamos suportar mais.
Não é errado se sentir assim, mesmo parecendo que estou indo contra tudo que acabei de escrever acima.
Tudo que foi dito é justamente o que Deus espera de nós, mas não quer dizer que é aquilo que conseguimos alcançar diante dos problemas que enfrentamos.
A nossa fraqueza é real, a necessidade de ajuda é verdadeira, o sentimento de solidão existe e o desejo de desistir vem a cada segundo.
Sim, somo fracos, é uma verdade indiscutível e que nos atormenta causando todo tipo de dores, físicas e mentais.
Muitas pessoas estão passando por isto hoje, neste momento, mas lembra-se do segundo mandamento mencionado no inicio?

“Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.”

Quando enfrentamos momentos difíceis temos a necessidade de receber apoio, de nos sentirmos amados, palavras e ações de ajuda, mas infelizmente são nestes momentos onde menos encontramos pessoas que compreenda o significado deste mandamento.
Amizades que se desfazem porque o “amigo” não está mais na fase de festas, mas enfrenta uma fase de privações.
Isto também precisamos suportar, entender que estes "amigos" também são fracos e vulneráveis, um dia poderão estar em situação parecida, situação que jamais gostaríamos de ver alguém passar e peço a Deus que poupe estas pessoas de passarem por isto.
O que ainda me faz respirar é a certeza de Deus, e ler em Suas Palavras coisas tão grandiosas e confortantes.
“Amarás ao teu próximo como a ti mesmo”, é a forma de Deus nos dizer que mesmo Ele suprindo toda as necessidades daqueles que O busca, nós precisamos ter empatia com as pessoas, entender a situação que estão a passar, se compadecer e estender a mão.
Não é pecado se sentir impotente diante de situações difíceis, sentir medo e precisar de ajuda, mas fazemos bem se nestas horas experimentássemos a pratica daquilo que deve ser permanente em todos os momentos de nossa vida, a fé.

“Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos?
 (Porque todas estas coisas os gentios procuram). De certo vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas; Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.” Mateus 6: 31 à 34

Sim, "a cada dia o seu mal". e este "mal" só conseguiremos vencer em Jesus, porque Ele venceu o Mundo e morreu por nossos pecados.



Texto de: José Luiz de Paiva

Nenhum comentário:

Postar um comentário