Sempre que me perguntam porque Deus deixa acontecer coisas ruins com pessoas "inocentes"; costumo responder esta questão usando uma frase de Baruch Spinoza: “As coisas nos parecem absurdas ou más porque delas só temos um conhecimento parcial e estamos na completa ignorância da ordem e da coerência da natureza como um todo. ”

quinta-feira, 18 de junho de 2020

Através da Cruz


Era uma noite  fria em um povoado afastando ao norte de Portugal e aquele pequeno jovem acabou por perder-se nas escuras e estreitas rua daquele lugar.
Depois de muito procurar, acabou por ser encontrado por um oficial da esquadra que o interrogou querendo saber o que fazia sozinho tão tarde.
 - Sai para procurar meu cão e acabei por perder-me. Disse o jovem com voz embargada.
- Sabe dizer-me qual a rua onde moras?
- Não sei, mas perto de minha casa há uma igreja com uma cruz bem grande, mostre-me a cruz e saberei como voltar para casa.


Esta história me faz recordar quando encontrei o caminho que, um dia, me levará para casa. Também me faz ver as dificuldades que existem e a responsabilidade por tantas pessoas que ainda não conseguiram enxerga-lo. 
Parece confuso, mas vivemos nossas vidas em busca de tantas coisas que são impostas por um sistema que nos ensina o que é certo e o que é errado. Nossos valores medidos por conquistas profissionais e materiais que nos prometem a “felicidade”, mas a final, o que é tudo isto?

Esta caminhada em busca do que não sabemos ao certo, muitas vezes nos faz perder a direção, outras vezes nos leva a acreditar que chegamos onde tínhamos que estar e nada mais existe além. 
Quando nos deparamos com o vazio que há dentro de nós, o quanto dependemos de circunstancias e pessoas para nos manter firmes, é que percebemos que o sentimento é semelhante ao estar em uma "rua fria e escura ao norte" de qualquer lugar. 

Aquele jovem, com sua pouca idade, sozinho na escuridão, só queria uma coisa, chegar em sua casa e para isto  existia uma referencia que importava, a cruz.
Me fez lembrar o capítulo 1, versículo 18 de I Cor.:  “Pois a mensagem da cruz é loucura para os que estão perecendo, mas para nós, que estamos sendo salvos, é o poder de Deus.”
Fico a pensar no número de pessoas que passavam todos os dias por aquela igreja com sua grande cruz e para muitas delas não existem mensagem alguma ali, mas para aquele jovem era como estar no caminho de sua casa e na proteção de seus familiárias

Estamos perdidos e assim como este jovem, precisamos da nossa referência para encontrar o caminho, "..Porque não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a vindoura." Hebreus 13:14  

Talvez seja uma boa ideia nos lembramos da dúvida que brotou no coração de Tomé, quando questionou Jesus: ".....Senhor, nós não sabemos para onde vais; e como podemos saber o caminho? 
Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim."


Agora conhecemos o caminho, mas assim como aquele jovem de voz embargada, precisamos encontrar  "a cruz" e compreender sua mensagem. Que possamos repetir suas palavras como uma oração a Deus: Senhor, "mostre-me a cruz e saberei como voltar para casa."


quarta-feira, 3 de junho de 2020

Discurso Pessimista

Imagem retirada do site filosofianaescola.com

Hoje muito se fala em "Democracia", mas as definições do que ela significa não é o que estamos vendo cobrarem nas manifestações. Está mais para um desejo de liberdade geral e irrestrita, mas são coisas diferentes e muitos não estão entendendo isto.



Escolhemos um Presidente, independente do acerto ou erro em nossa escolha, aconteceu de forma democrática e esta mesma democracia nos dá o poder de reivindicar quando nos sentimos prejudicados, mas nunca nos esquecendo que existem deveres dos quais precisamos obedecer.

Nossas lutas contra a desigualdade, preconceitos, sejam eles raciais, religiosos ou homofóbicos, são reais, mas para isto precisamos voltar a um princípios que a muito deixamos de lado, saber ouvir.
Não escutamos mais as pessoas e com isto nãos as compreendemos, mesmo assim estamos prontos a responder  com bases em nossos prejulgamentos.

Nossas ferramentas de luta foram nos tiradas paulatinamente nas escolas, a cada dia privavam-nos de uma pequena parcela de conhecimento.
Um livro a menos para ler, uma matéria que julgaram não ser tão importante assim e até aprovação automática mesmo sem o conhecimento suficiente, sem detalhar o baixo investimento. Paralelamente foram nos incutindo outros "conhecimentos" mais adequados aos interesses, hoje sofremos as consequências disto.
Da noite para o dia começamos a sentir que muitas coisas que nos eram importantes e até sagradas, já não faziam mais parte de nossas vidas, perdemos o poder da empatia e colocamos o nome a este fenômeno de “crescimento” ou “amadurecimento”. Fomos sempre desafiados a quebrar barreiras e paradigmas e com isto nossos exemplos caíram por terra.

Hoje todos nós queremos ter voz e até temos ferramentas para isto, mas por mais alto que possamos gritar, são pensamentos desorganizados que não fazem sentido, além disto já não somos ouvidos, porque todos estão a gritar ao mesmo tempo, sobraram poucos com o desejo de escutar e com capacidade suficiente para interpretar um texto. (José Luiz de Paiva)